broken heart, sad, girl-2084321.jpg

O sentimento de incapacidade crônico

Algumas vezes nos deparamos com algumas situações da vida em que sentimos que não temos a menor chance de conseguir algo que desejamos. Para alguns de nós essa sensação é algo bastante recorrente, de forma que a insuficiência parece dominar uma crença sobre si mesmo. Frases como “isso não é pro seu bico”, “é melhor procurar outra coisa”, ou ainda “é melhor nem tentar para não se frustrar” alimentam esse sentimento de incapacidade, juntamente com a baixa autoestima.

Isso acontece porque cada vez que essa voz é ouvida e obedecida, ela  se torna cada vez mais forte. Chega uma hora que a pessoa nem sabe reconhecer sua própria potência por sempre se identificar com o que falta. É aí que mora o perigo, não é mesmo?

Nessa situação, vale fazer um exercício para te ajudar a compreender essa dinâmica interna e combatê-la. Reserve uma hora do seu dia em um local privado e silencioso. Pegue um papel e uma caneta, e aos poucos, vá escrevendo as perguntas e suas próprias respostas. Lembre-se que não existe certo ou errado. Não pense muito para responder também. Deixe a enxurrada de ideias rolar, assim ficará mais fácil compreender seus próprios mecanismos.

QUESTIONAMENTOS ACERCA DE MEU SENTIMENTO DE INCAPACIDADE:

  • O que faz com que eu me identifique com a incapacidade/insuficiência? 
  • Quando comecei a me sentir incapaz? 
  • Quando isso passou a ser mais forte em minha vida? 
  • O que eu ganho ao me ver incapaz?

Nessa pergunta específica, procure refletir a fundo possíveis vantagens que as vezes passam despercebidas, como por exemplo evitar o risco e a frustração ou permanecer em um lugar seguro.

  • Quais são as consequências desse movimento em minha vida?
  • Mas quais são os aspectos que eu sou suficiente? No que me acho bom?

Se essa pergunta for muito difícil de responder, vale perguntar para pessoas próximas o que elas enxergam de legal em ti. Ao escutá-las, busque escutar e acolher ao invés de rejeitar. As pessoas podem ver aspectos que você ainda não enxerga.

  • O que eu gostaria que fosse diferente? O que pode ser melhor em minha vida?

Depois que você tiver isso anotado é provável que você compreenda de forma mais profunda como esse sentimento surgiu, e como ele é reproduzido em sua vida. Saber isso é o que te tornará capaz de planejar e executar sua própria mudança. Para isso será necessário reconhecer sua própria potência, buscar conquistar o que deseja, e perceber que tudo bem não acertar o tempo inteiro.

RECONHECENDO A PRÓPRIA POTÊNCIA:

Em uma das questões você teve que olhar para suas conquistas. Foi necessário averiguar sua suficiência, ver aquilo que você é bom, ainda que inicialmente você tenha discordado da visão de alguém. Caso seja esse seu caso, é válido pensar se essa discordância não é somente mais um reflexo desse padrão de sempre se ver faltante e insuficiente. Se foi difícil enxergar sua própria força não quer dizer que ela não exista, mas que você ainda está acostumado a olhar para sua vida com lentes que distorcem a visão real.

Compreender o que há de bom em você buscando acolher e refletir sobre o que você encontrou é muito melhor do que  simplesmente menosprezar esse seu lado. 

Outro exercício que pode te ajudar é escrever todos os dias 5 coisas que você fez e deram certo, ou que te mostrem seu valor. Pode ser algo  trivial, como preparar uma refeição, fazer um bom comentário na rede social de um amigo, ou ser gentil com alguém que você não prestava atenção. Aos poucos você irá perceber a importância do seu existir e sua possibilidade de conquistar. Isso tende a fomentar o reconhecimento da própria potência, e até o desejo de ir adiante.

CONQUISTANDO OS PRÓPRIOS DESEJOS:

Quando a potência passa a ser reconhecida é possível partir para a ação, ou seja, buscar conquistar aquilo que se quer. 

Na última pergunta, ao analisar o que pode ser diferente em sua vida, fica claro o que você ainda quer, mas ainda não tem. Diante dessa percepção é importante se organizar e agir.

Coloque no papel possíveis estratégias para atingir suas metas. Procure inseri-las em um cronograma e torná-las tangíveis, ou seja, não adianta colocar algo enorme para se fazer em pouco tempo. Seja generoso consigo, reconheça seu processo e comemore as pequenas conquistas. Lembre-se que o caminho se faz caminhando!

COMPREENDENDO QUE ESTÁ TUDO BEM EM SER IMPERFEITO

Por último, mas não menos importante, é válido lembrar que se reconhecer potente não é ser onipotente. Você não é a mulher maravilha ou o super homem. A condição humana tem limites e você também. 

Está tudo bem se aquilo que você tentou não deu certo. É possível tentar de novo ou de um jeito diferente. É possível (e necessário) falhar. Isso faz parte de nossas aprendizagens.

Lembre-se de focar em seu próprio processo e reconhecer a unicidade de sua trajetória. Com o  acompanhamento terapêutico é possível desenvolver recursos para lidar com as próprias faltas e reconhecer aquilo que você já é. 

Cristina Gonçalves de Abrantes

Psicóloga CRP 06/135259

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *